Programa paroquial

sábado, 30 de julho de 2011

«Dai-lhes vós de comer...»

Comer é uma arte! “Os animais pastam; o homem come; apenas o homem inteligente sabe comer” (Anthelme Brillat-Savarin). O texto de Isaías (1ª leitura) começa com um convite: somos chamados a comer. É o nosso corpo que nos chama a comer. Mas depois, como os homens comem juntos, o banquete é marcado por um convite que outros nos dirigem. E comer significa também esperar e partilhar. O alimento que mata a fome não é apenas aquele constituído de "carnes gordas e saborosas, vinhos velhos e bem tratados" (Is 25,6), mas o das relações humanas.

O texto evangélico começa com a notícia de que "Jesus retirou-se dali sozinho numa barca, para um lugar deserto" depois de ter sabido da morte de João Baptista. Jesus procura a solidão para se distanciar da execução de João Baptista e poder assim ler a sua responsabilidade diante do vazio deixado por ele. E os acontecimentos, ou seja, a multidão que o seguiu a pé desde as cidades e que Ele vê quando desembarca, sugerem-lhe a resposta: "Jesus viu uma grande multidão e, cheio de misericórdia para com ela, curou os seus enfermos". A partir do sofrimento pela morte de João Baptista, Jesus vê o sofrimento da multidão e sobretudo dos enfermos. E ocupa-se dele. Através do seu sofrimento Jesus sabe ver o sofrimento das multidões e a sua compaixão é cura, acção terapêutica. Torna-se resposta humilde e activa para o mal do mundo.

A sua atitude de assumir a responsabilidade nos encontros com as multidões contrasta claramente com o comportamento dos discípulos que prefeririam que Jesus dispersasse as pessoas para que fossem comprar alimento às aldeias. Jesus disse: “dai-lhes vós mesmos de comer" e a ordem desafia a desresponsabilização para com o necessitado e suscita a objecção dos discípulos que vêm na sua pobreza a incapacidade de realização do pedido: “Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes”. Foi esta a reacção escandalizada dos discípulos - e nossa também - em nome do bom senso, do racional e da eficácia. Na resposta de Jesus a pobreza não só não é um impedimento, como é a condição que manifesta a força da partilha e da acção de Deus. A pobreza da Igreja é a condição necessária à sua eficácia evangélica: ela revela a sua fé que permite a acção do poder de Deus.



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